Início » Onde está a raiz da violência?

Onde está a raiz da violência?

Vicente de Paulo Silveira | 13 de outubro de 2015 | 0 Comentarios

raiz_da_violencia

Evidente que este texto não pretende esgotar o assunto ou colocar todas as variáveis que envolvem a complexidade e a extensão destes fenômenos sociais.

Também não estaremos falando de partidos políticos ou de políticos gestores atuais ou os que já passaram pelo poder, e, igualmente, não há críticas às instituições.

Entretanto, vou deixar de lado a preocupação com a preservação de uma linguagem medida, não abrindo mão, porém, da educação e do respeito que sempre tive por todos aqueles que buscam cumprir com as obrigações delegadas pelas leis e normas institucionais.

Em diagnósticos realizados ao longo de vários anos e analisando as campanhas políticas e a condução de nossas instituições e concluo que o modelo atual está defasado em relação às necessidades advindas da sociedade, cujos fatos geradores do desequilíbrio social estão sobrepondo quaisquer esforços de contenção e manutenção da vida tranquila e harmoniosa em nossas sociedades.

O sentimento de impunidade é uma percepção secundária, decorrente desta forma de gerir vigente no modelo atual, cujas características são reativas e não proativas, além de deficiência nas estruturas quanto aos equipamentos disponíveis e ao alcance de nossas instituições que não podem responder com a principal função: a de prevenção (não estou falo somente de delitos criminais, mas dentro de uma visão holística e na acessibilidade aos direitos constitucionais)

Foge-se dos focos necessários e se dá tratamento de parte da consequência como se cumprisse a obrigação plena e abandonam-se nos fatos geradores que são a razão dos desequilíbrios sociais.

Como exemplo, para melhorar o entendimento, não se consegue estruturar um modelo de educação que possa atenuar o hiato que a nova sociedade tem entre a capacidade familiar e o amplo espectro da interferência do avanço da comunicação e das limitações geradas pela luta da sobrevivência, logo reduzimos a maioridade penal de 18 para 16 anos e coloca-se na repressão o único esforço para a busca da redução da criminalidade e recuperação do equilíbrio social.

Assim, assisto todos os dias as autoridades querer descriminalizar as drogas, autoridades como Secretário de Segurança de um grande estado brasileiro admitir que a situação esteja fora do domínio público, não há como controlar, então, como solução, libera-se como meio de o Estado não ter que se preocupar com isto?

Mas, como ficarão as famílias? Como ficarão os pais? Como fica a saúde pública? Como ficarão as famílias das pessoas que forem mortas e outras assaltadas para gerar recursos para a compra da droga?

Voltando, portanto, à impunidade que é uma percepção secundária – não é prendendo ou punindo com a restrição da liberdade que vamos corrigir estas anomalias sociais, mas com mudanças em nossas instituições, na forma de atuar.

Seja em quaisquer níveis, a prevenção é a única justiça real: depois do fato acontecido não existe justiça, pois as sequelas continuarão. Entretanto, a presença da Justiça sempre será necessária para reparar danos sociais, porém deve ser a exceção e não a regra normal.

Quando falamos em corrupção, estreita-se o foco nas grandes empresas e há uma revolta dos investigados contra quem está apurando estas responsabilidades, com uma indignação no mínimo estranha, como que tivessem os policiais, juízes e demais autoridades obrigação de abafar os processos; uma realidade, porém, é que acaba “abafando” a extensão deste péssimo valor que está culturalmente inserido em nossa vida social e não transmite à população a gravidade da situação existente no Brasil. Nomeiam-se pessoas para cargos para prestar servir a grupos.

Na saúde, descentraliza-se a responsabilidade, manda-se ambulância e remédios e onde anda a infraestrutura? E a qualificação dos profissionais? E a relação interpessoal entre instituição, clientes internos e externos? Mas este desequilíbrio está sempre como carro-chefe na linha do marketing das campanhas eleitorais.

Há corrupção financeira e há corrupção de processos nas empresas, nas áreas cíveis e trabalhistas, cuja relação com a Justiça pós-fato acaba postergando direitos legítimos e concedendo outros ilegítimos, desproporcionais, além do custo exorbitante para o Estado e, principalmente, para as pessoas. A eficiência não é mais eficaz pela grandeza da demanda que tira, em parte, as condições de se apurar mais profundamente a responsabilidade pelos fatos geradores. Muitas vezes as análises são prejudicadas por ser impossível para as partes apresentarem subsídios que possam qualificar melhor as decisões.

O modelo de “arrecadação a qualquer custo” afasta a presença das instituições da relação social e este distanciamento acaba impedido as ações preventivas necessárias a evitar danos maiores: cito a presença de radares para multas espalhados pelas cidades e estradas, promovendo arrecadações sensacionais, porém gera esta ausência da “farda” que daria, além do controle preventivo de acidentes, fiscalização nos transportes ilegais e a atuação de marginais em assaltos e outros abusos.

Sendo assim, refletindo para outras áreas, vamos encontrar igual comportamento do modelo atual de gestão, como, por exemplo, na área da saúde e da educação.

Na saúde, descentraliza-se a responsabilidade, manda-se ambulância e remédios e onde anda a infraestrutura? E a qualificação dos profissionais? E a relação interpessoal entre instituição, clientes internos e externos? Mas este desequilíbrio está sempre como carro-chefe na linha do marketing das campanhas eleitorais.

Com a Educação ocorre a mesma coisa ou pior. A violência do entorno acaba adentrando a escola e fazendo com que os profissionais fiquem acuados e recuam abrindo mão da disciplina; recente foi a propaganda de uma cidade brasileira que instalou 600 câmaras nas escolas para coibir a violência.  Tudo isto sem contar os baixíssimos salários destes profissionais e as condições precárias de trabalho. Pode-se, também, incluir a capacitação desses profissionais.

Uma das informações interessante é a de que, ouvindo determinada emissora e lendo diversos trabalhos sobre este tema e, ainda, presencialmente e em contato com profissionais ligados em atividades afins, 99% dos presos são analfabetos ou escolaridade mínima e são, portanto, analfabetos funcionais. São oriundos de ambiências que não concedem a dignidade para os humanos, para a convivência familiar de forma adequada. Será que isto tem a ver com a opção pelo crime?

Ainda registra-se a permissividade simbiótica que é gerada por tentativas de frear a demanda para as instituições, humanizar a conduta das autoridades disciplinadoras, além da manutenção da sobrevivência pessoal e familiar. Isto é muito sério e relevante para a situação atual de desequilíbrios sociais.

Evidente que, como foi falado no princípio, este texto não esgota os temas, apenas aborda cada fato como meio central de uma ligação entre os diversos desequilíbrios sociais.

Antes da violência física, normalmente, existe a violência psicológica.

Este trabalho quer abrir um caminho para uma discussão ampla sobre este assunto e posso garantir que temos muito a contribuir para soluções de curto, médio e longo prazo!

Cada dia que adiamos, aumentam os dificultadores. Estamos numa “guerra social”.

Todas estas questões são de cunho “financeiro e econômico”, muito mais do que se pensa! Desde o afastamento de investidores até a vultosa economia com a manutenção dos custos de consumo da estrutura existente (impotente e ausente a sua capacidade de hospedagem dos presos, por exemplo) até ao adoecimento da população pelo estresse e ausência de modelos de referência que sustentem a esperança em ter um futuro melhor para todos e para as próximas gerações.

É preciso novos conceitos de Missão e Objetivos para nossas instituições, criar ambiência para novos paradigmas voltados todos os brasileiros, focados na equalização das diferenças sociais em planejamentos eficientes, consistentes e de durabilidade.

Precisamos acabar com os argumentos protecionistas que sustentam as decisões que são tomadas em gabinetes para atender a apelos sociais que não refletem a origem, mas os sintomas de uma origem não tratada e não considerada  pelo Estado Brasileiro.

Tudo gira em uma única razão: é preciso investimento! Lógico que precisa investimento, mas precisamos considerar que os profissionais não são custos, passivos, mas Ativos que devem produzir a reversão dos custos para os investimentos sociais que é a qualidade de vida.

Para terminar, ao apontar toda esta situação é por que existe uma proposta real para atender a estas necessidades e esta proposta tem alcance muito maior que o apresentado. Por esta razão este site vem na intenção de mobilizar pessoas brasileiras, que gostem do Brasil e de pessoas para a busca de produzirmos uma qualidade social cada vez melhor para todos, inseridos que somos numa natureza abençoada por Deus.

Fica, então, o convite para entramos neste trabalho, pois ao considerar a usa extensão não é possível passar o conteúdo de forma integrada por textos postados. Com uma participação efetiva tenho certeza que, depois de conhecer a proposta, as contribuições serão importantíssimas para o aprimoramento e o efetivo alcance de resultados.

 

VPS

separador

Vicente de Paulo Silveira

Vicente Silveira é o fundador da GZ Equilíbrio Social. Tem como principal motivação o desenvolvimento social através da ressociação e cultura, priorizando a reestruturação da principal célula societária, a família.

Veja mais artigos

Colabore com sua opinião!

Seu email nunca será publicado ou compartilhado. Campos obrigatórios são sinalizados com *